Se por um lado, o Brasil, até hoje, não ganhou um único Prêmio Nobel de Literatura, por outro a Literatura Infantil e Juvenil (LIJ) brasileira é dona de três. Calma! A Academia Sueca realmente não tem um Nobel destinado à LIJ, mas o Hans Christian Andersen é considerado o “Nobel” feito para autores e ilustradores que criam para as infâncias.
As escritoras brasileiras Lygia Bojunga e Ana Maria Machado ganharam o prêmio em 1992 e 2000, respectivamente. Em 2014, foi a vez de Roger Mello, o único ilustrador brasileiro com um Hans Christian Andersen.
O prêmio é concedido a cada dois anos pelo International Board on Books for Young People (Ibby) e a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) é a responsável por fazer as indicações dos brasileiros.
Nas últimas cinco edições, a FNLIJ indicou Marina Colasanti. Em 2016, 2018 e 2020, ela foi indicada com a ilustradora Ciça Fittipaldi. De 2022 para cá, ela saiu ao lado do ilustrador Nelson Cruz. No entanto, esta é a primeira vez que ela aparece entre os finalistas, um passo mais próximo do prêmio. E o melhor: Nelson Cruz também figura entre os finalistas.
A estratégia
A mesma estratégia usada pela FNLIJ para promover Marina Colasanti foi usada com Roger Mello. O ilustrador foi indicado em 2010 e 2012, ao lado de Bartolomeu Campos de Queirós, e em 2014, com Joel Rufino. Ganhou na terceira indicação. Marina é indicada há cinco edições e nesta, pela primeira vez, aparece entre as finalistas. Será que dessa vez vai?
Na primeira fase, Marina e Nelson concorrerem com outros 57 candidatos de 32 países. Agora, ela concorre com Heinz Janisch, da Áustria; Lee Geum-yi, da República da Coréia; Bart Moeyaert, da Bélgica, Timo Parvela, da Finlândia, e com Edward van de Vendel, dos Países Baixos. Já Nelson concorre com Cai Gao, da China; Iwona Chmielewska, da Polônia; Elena Odriozola, da Espanha; Sydney Smith, do Canadá, e com Paloma Valdivia, do Chile.
Quem é Marina Colasanti?
Nascida na Asmara, capital da Eritreia, dividiu a sua infância entre a Líbia e a Itália. Veio para o Brasil aos 11 anos, em 1948, e fixou residência no Rio de Janeiro. Estudou pintura e desenho e em 1962, começou a trabalhar como jornalista no Jornal do Brasil. Depois foi para a Editora Abril, onde passou 18 anos na Revista Nova. Paralelo à carreira de jornalista, começou a publicar seus livros. A sua primeira obra – Eu sozinha – saiu em 1968. Hoje é autora de mais de 20 livros dedicados a jovens leitores e outros tantos na poesia, nos contos e na crônica. De lá para cá, amealhou sete Prêmios Jabuti, além de 14 prêmios da FNLIJ, um da Fundação SM e se sagrou como a primeira mulher a receber o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da sua obra.
Quem é Nelson Cruz?
Nelson Cruz é um artista plástico, chargista, ilustrador e autor nascido em Belo Horizonte. Começou a criar para o mercado editorial brasileiro em 1988 e de lá para cá coleciona seis prêmios Jabutis, com No longe dos Gerais (Cosac Naify, em 2005), Os herdeiros do lobo (Comboio de Corda / SM, em 2010), A máquina do poeta (SM, em 2013), O livro do acaso (Abacatte, em 2015) e Os trabalhos da mão (Positivo, em 2018). Além disso, ilustrou o livro Sagatrissuinorana (ÔZé), de João Luiz Guimarães, ganhador do Livro do Ano do Jabuti em 2021.