O mercado global de audiolivros segue em expansão acelerada, com projeções de que o setor movimente até US$ 35 bilhões até 2030. Essa é uma das principais conclusões do relatório Audiobook Global Growth 2024, que acaba de ser lançado pela Feira do Livro de Frankfurt, em parceria com a Dosdoce.com. O documento, que pode ser baixado gratuitamente aqui examina as tendências de crescimento, desafios e oportunidades no mercado de audiolivros ao redor do mundo.
Crescimento Global
O relatório mostra que o mercado global de audiolivros já movimenta cerca de US$ 7 bilhões por ano e está crescendo a uma taxa anual de mais de 25%. Esse aumento é impulsionado principalmente pelo consumo em mercados como os EUA, Europa e, mais recentemente, Ásia e América Latina. As principais plataformas que dominam o mercado incluem Audible, Storytel, Spotify e BookBeat, que investem massivamente em novos catálogos, modelos de distribuição e ampliação das opções de idiomas.
Nos EUA, o maior mercado global de audiolivros, as receitas superaram os US$ 2 bilhões em 2023. Segundo dados da Association of American Publishers (AAP), aproximadamente 38% dos adultos americanos escutaram pelo menos um audiolivro no último ano, consolidando o formato como uma das principais formas de consumo de conteúdo literário. No entanto, o relatório aponta que há uma tendência de saturação nos mercados mais maduros, levando as grandes plataformas a buscarem novos territórios para expansão.
O Brasil no contexto global
O mercado brasileiro, embora menor em comparação com gigantes como EUA e Europa, está em franco crescimento, movimentando cerca de 30 milhões de euros por ano, segundo o relatório. Entre as principais plataformas atuantes no Brasil estão Audible, Storytel, Kobo e Ubook, responsáveis por aproximadamente 85% das receitas do setor, que provêm de modelos de assinatura. Apenas 12% das vendas são de unidades avulsas, e 3% de bibliotecas digitais.
Apesar de o português ser falado por mais de 250 milhões de pessoas no mundo, menos de 5% dos audiolivros em português são adquiridos fora de Portugal e Brasil. Curiosamente, os EUA, com uma comunidade significativa de falantes de português, superam Portugal em volume de vendas, o que demonstra a imaturidade do mercado português. Um dos maiores desafios apontados pelo relatório para o Brasil é a limitada produção de novos títulos. Atualmente, são lançados menos de 500 audiolivros por ano no país, número que restringe o crescimento do mercado e a visibilidade do formato.
Modelos de negócios e desafios no Brasil
O modelo de assinatura é predominante no Brasil, com grande parte das receitas sendo geradas por plataformas como Storytel e Ubook. No entanto, o relatório destaca a necessidade de diversificação dos canais de venda para ampliar o alcance dos audiolivros, principalmente em plataformas de venda avulsa e bibliotecas digitais.
Outro desafio para o Brasil é a visibilidade dos audiolivros em meio à saturação de entretenimento digital. O relatório ressalta que os audiolivros enfrentam forte concorrência com podcasts, filmes e séries, o que exige estratégias de marketing mais robustas e investimentos em conteúdo exclusivo para atrair novos consumidores.
Perspectivas para o futuro
A Feira do Livro de Frankfurt e a Dosdoce.com enfatizam que o futuro do mercado de audiolivros depende da capacidade das plataformas e editoras de se adaptarem às novas demandas dos consumidores. Nos mercados emergentes, como o Brasil, a produção de mais títulos em português, combinada com estratégias de marketing inovadoras, será crucial para aumentar a adesão ao formato.
Além disso, o relatório aponta para a necessidade de maior integração entre as plataformas de streaming e o mercado editorial tradicional. Nos EUA e na Europa, já existem iniciativas de coprodução entre editoras e plataformas de audiolivros, algo que poderia ser explorado também em mercados como o Brasil.