Na última quinta-feira (07/12), o Ministério da Cultura divulgou as ganhadoras do Prêmio Carolina Maria de Jesus. Entre as 61 vencedoras, estão duas alunas do Nespe: Neia Marques e Márcia Moura. Elas concorreram com 2.619 inscritas no prêmio que busca impulsionar trabalhos literários produzidos por mulheres.
Neia venceu o prêmio com o romance Parda, que conta a história de uma adolescente do interior de Minas Gerais vendida pelos pais. Já Márcia ganhou com Quando as portas batem, a história de Rubi, uma mulher solitária de meia-idade que passa o tempo livro entre visitas dolorosas na penitenciária e reuniões dos alcoólicos anônimos.
Tanto Neia quanto Márcia fizeram a pós-graduação em Escrita Criativa que está com processo seletivo aberto para a próxima turma. Para saber mais, clique aqui.
O Happy Hour Nespe conversou com as duas e a entrevista pode ser conferida abaixo:
Happy Hour – No geral, que importância vocês dão para este prêmio?
Neia Marques – A importância é indescritível, é uma validação da escrita e a possibilidade de mostrar a potencialidade das escritoras brasileiras, que são numerosas e valiosas para o cenário literário. Parabenizo a todas pela dedicação à escrita, e que apesar dos obstáculos continuam a luta pela literatura.
Márcia Moura – O Prêmio Carolina Maria de Jesus traz um simbolismo importante: o peso de ser mulher, o peso de ser negra. É uma premiação relevante por trazer à luz a escrita de mulheres que não são vistas, que não teriam a chance de dizer, através da literatura, o que trazem na alma. É um prêmio que precisa ser perpetuado.
Happy Hour Nespe – O que vocês podem esperar para a carreira de vocês, agora que foram vencedoras do Prêmio Maria Carolina de Jesus?
Neia Marques: Parece clichê, mas realmente creio que devido à importância desse prêmio literário, ele será um divisor de águas; uma vez que traz visibilidade, no caso específico as autoras, que diversas vezes não tem acesso aos grandes meios de comunicação e as editoras. Importante ressaltar também que os grandes concursos literários servem de estímulo aos autores para investir no aprimoramento da escrita, seja por Oficinas Literárias ou Cursos ligados à área.
Márcia Moura – O Prêmio Carolina Maria de Jesus me chega como um reconhecimento, antes de tudo para mim mesma, de que eu sou capaz de me comunicar através da escrita. E de comunicar algo de valor. Espero que a partir desse ponto eu entre em um caminho sem volta: o de me reconhecer escritora.
Happy Hour – Vocês acreditam que o que você aprenderam no curso aqui no Nespe ajudou de alguma forma na construção do seu romance?
Neia Marques – Com certeza, a equipe primorosa de professores nas aulas teóricas, foram essenciais. E nas aulas de laboratório de escrita destaco o professor Thiago Amendoeira, que acompanhou a turma ESC.6, que com seu olhar aguçado e seus apontamentos certeiros nos conduziu a lapidação e amadurecimento dos textos.
Márcia Moura – Sem dúvida. O romance premiado não foi desenvolvido durante o curso, mas foi escrito com todas as ferramentas que o Nespe me deu. Sem isso, dificilmente eu teria alcançado sucesso.
Sobre Neia Marques
Neia Marques escreve desde a adolescência, porém somente em 2018 resolveu desengavetar os escritos e publicar. Foi desse movimento que nasceu o livro de Poesias: A menina que morava em mim, no qual reuniu poemas escritas na adolescência, e, na segunda parte as poesias da maturidade. Participou de várias coletâneas com contos e poesias desde 2019 a 2023. Em 2021, lançou o romance Lapidaria (Patuá) e, em 2023, lançou seu primeiro livro de não-ficção: Sete lições que aprendi com os idosos, resultado de entrevistas realizadas com alguns moradores de um abrigo. Também em 2023, lançou o segundo livro de poesias: Engenho de dentro. Foi selecionada em Edital do Município de Presidente Prudente-2023 para a publicação do livro de contos: Tem certos dias em que penso em minha gente, que será lançado no início de 2024. O romance Parda está finalizado aguardando publicação e foi ganhador do Prêmio Literário Carolina Maria de Jesus (2023); está em andamento romance A mobilidade da pedra. É formada em recursos humanos, pós-graduada em docência de teologia e pós-graduada em Escrita Criativa – NESPE. É membro da APE – Associação Prudentina de Escritores.
Sobre Márcia Moura
Márcia Moura é escritora, médica, professora adjunta de ginecologia na Universidade Federal de Pernambuco e pós-graduada em Escrita Criativa pelo Nespe. Em 2021, sua crônica A entrevista compôs a antologia do Off Flip, e seu conto Café amargo foi finalista na mesma premiação. Em 2022, sua crônica Disneylândia foi selecionada para compor a antologia +Humor do selo Off Flip. Em 2023, publicou a sua primeira obra individual, Como dançam os lírios-do-mar. Ainda em 2023, foi uma dos semifinalistas do 3° Prêmio Microconto de Ouro da Casa Brasileira de Livros com o seu texto Desforra e vencedora do Prêmio Carolina Maria de Jesus com o romance Quando as portas batem. Recentemente finalizou o romance Neve sobre areia quente, sem previsão de publicação.