Audible chegou. O que isso pode significar?

Notícias – Nespe

Uma notícia há muito esperada pelo mercado editorial veio a público nesta semana: a Amazon, finalmente, trouxe para o Brasil a Audible. A plataforma é líder em criação e distribuição de audiolivros em muitos países onde atua.

A Audible chega ao Brasil com uma plataforma híbrida, mesclando assinatura (R$ 19,90 por mês) e vendas à la carte. O serviço de subscrição reúne 5 mil títulos em português e, segundo a empresa, há outros 500 mil títulos à venda. Os assinantes podem comprar estes títulos com desconto de 30%.

Para a pessoa mais otimista, a chegada da Audible no páreo poderá fazer o mercado de audiolivro efetivamente deslanchar no Brasil. De acordo com a pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro (CBL/SNEL/Nielsen), no ano passado, as editoras brasileiras faturaram R$ 131 milhões com a venda de unidades inteiras de conteúdos digitais. Apenas 1% deste faturamento foi com a venda de audiolivros, o restante foi obtido com a venda de e-books.

O percentual cresce para 21% quando se olha especificamente para o modelo de assinatura. No entanto, o faturamento geral desta categoria é de apenas R$ 5,4 milhões.

Com base nestes números, o faturamento com a comercialização de audiolivros representa muito pouco para as editoras brasileiras. Isso demonstra um descompasso entre Brasil e outros países, onde o formato vive, desde 2017, um boom.

A Audible pode mudar esse cenário?

A Amazon tem histórico na criação de mercados onde se instala. Foi assim que criou um mercado de e-books no mundo. O Kindle é líder absoluto de vendas aqui no Brasil, por exemplo.

Dinheiro e vontade para repetir este feito no audiolivro a Amazon parece ter. É preciso criar uma base de audioleitores no Brasil. De fato, o brasileiro está acostumado a ouvir conteúdos (é líder em audiência de podcasts, por exemplo), mas está disposto a pagar por estes conteúdos? Este é talvez o grande dever de casa das plataformas de audiolivros no Brasil:

  • Por um lado, oferecer um acervo consistente que chame a atenção dos audioleitor brasileiro
  • Por outro, remunere adequadamente as partes interessadas no desenvolvimento deste mercado.

Se a Amazon conseguir equacionar esta questão, ganha o jogo.

Por que a Audible demorou tanto a chegar?

A demora da chegada da Audible aos brasileiros tem uma razão. Aliás, duas. Primeiro porque a empresa quis estudar a fundo o hábito do audioleitor brasileiro. Chegou a encomendar uma pesquisa à Kantar. O instituto de pesquisa que ajuda seus clientes a “compreender as pessoas” mostrou que 90% dos brasileiros já ouviram conteúdo por meio de podcasts e audiolivros.

Outro fator, talvez o mais importante, que pode explicar a demora da chegada foi a dificuldade na construção de um catálogo consistente. A chegada de outras plataformas de audiolivros no Brasil foi marcada pela resistência de muitas editoras a colocar seus títulos no esquema “sirva-se à vontade”.

O catálogo da Audible

Essa dificuldade na construção de um catálogo colocou o Brasil em um dilema: ainda tem poucos audioleitores porque tem um catálogo pequeno ou tem um catálogo pequeno porque tem poucos audioleitores?

A exemplo do que fizeram outras plataformas ao aportar no Brasil, a Audible oferece muitos títulos em domínio público: 1984, de George Orwell, narrado por Otávio Muller; Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carol, narrado por Gabz; Um teto todo seu, de Virginia Woolf, narrado por Nathalia Dill; Dom Casmurro, de Machado de Assis, com voz de Marcos Palmeira e O seminarista, de Bernardo Guimarães, narrado por Daniel Mundurucu.

Mas a plataforma também traz também traz alguns títulos de sucesso disponíveis apenas na Audible. Entre os exclusivos de ficção estão: A filha perdida (Intrínseca), de Elena Ferrante, narrado por Micheli Santini; O gambito da rainha (Arqueiro), de Walter Tevis e narração de Isabel Guéron; Perdida (Verus), de Carina Rissi, narrado por Patt Souza; O primeiro beijo de Romeu (Galera), escrito e narrado por Felipe Cabral; Um mais um (Intrínseca), de Jojo Moyes, narrado por Marcelo Klein, e Cinquenta tons de cinza (Intrínseca), de E. L. James, narrado por Camila Maia.

Entre os títulos “Only from Audible” de não ficção, destacam-se: O dilema do porco-espinho (), de Leandro Karnal, narrado por Thiago Zambrano; Meu menino vadio (Intrínseca), de Luiz Fernando Vianna, narrado por Eric Naves; A cama na varanda (Bertrand), de Regina Navarro Lins, narrado por Denise Simonetto; Felicidade incurável (Bertrand), de Fabrício Carpinejar, com narração de Bruno Villa, e A casa inventada (Record), de Lya Luft, narrado por Ana Sarmento.

Mais sobre a Audible

O primeiro mês é grátis para todo assinante e para os clientes Amazon Prime, o período de degustação é de três meses. Para saber mais, acesse a Audible.

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