Aluna do Nespe vence Prêmio Kindle de Literatura

É de Casa – NESPE

Nesta segunda-feira (27), a Amazon e o Grupo Editorial Record anunciaram a vencedora do Prêmio Kindle de Literatura. A ganhadora foi Adriana Vieira Lomar, aluna do curso de pós-graduação em Escrita Criativa do Nespe. A cerimônia foi no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Adriana ganhou o prêmio com o livro Ébano sobre os canaviais. Nele, a autora remonta ao final do século XIX, quando José foge da peste em Portugal, e no Brasil se apaixona pela Ébano, alforriada e filha da escravizada Shakina. Apesar de ser livre, a sociedade recrimina a união do casal, e Ébano renuncia à maternidade do filho Zeca. Quase dois séculos depois, Maria Antonieta, uma personagem racista e com complexo de superioridade com relação aos seus antepassados, trilha uma jornada de autoconhecimento após se separar do marido e, assim, descobre sua verdadeira origem e coloca em xeque os seus preconceitos e comportamentos.

Sueli Carneiro, Ana Maria Gonçalves e Jeferson Tenório compuseram o júri. Sueli analisa a obra: “Três histórias em uma. Vidas que se entrelaçam desde o tempo da escravidão e imigrantes portugueses. A difícil vida de negros que são escravizados, a dura realidade de imigrantes portugueses que chegam ao Brasil. Um texto detalhado, rico, uma história muito bem contada, desenhada, envolvente e que faz você sentir todos os dramas e angústias de seus personagens”.

Já Jeferson Tenório analisou a técnica da narrativa empregada pela autora: “o livro carrega uma estrutura narrativa sofisticada e dinâmica, costurando tempos diversos e, desse modo, construindo um panorama do processo escravista no Brasil através da ficção. Traz também aspectos interessantes como a memória e a ancestralidade. Além disso, as personagens apresentam complexidade e profundidade necessárias, como é o caso de José, Ébano e Maria Antonieta. A linguagem é bem construída e apresenta uma aparente simplicidade e lirismo o que deixa o texto fluído e com qualidade linguística”.

Adriana terá a versão impressa de Ébano sobre os canaviais publicada pelo selo José Olympio, do Grupo Editorial Record. Ainda receberá ainda R$ 50 mil, que inclui um prêmio em dinheiro de R$ 40 mil e um adiantamento de direitos autorais de R$ 10 mil.

A autora conversou com o Happy Hour Nespe. O bate-papo pode ser conferido a seguir.

Happy Hour Nespe – Você poderia falar um pouco sobre Ébano sobre os canaviais?

Adriana Vieira Lomar Ébano sobre os canaviais surge da necessidade de buscar um ramo da minha ancestralidade, ancestralidade comum a muitos brasileiros que também desconhecem sobre a origem, data de nascimento e morte de seus ancestrais.

O livro se passa em dois planos temporais. O primeiro acontece nos fins do século XIX. José, 13 anos, foge de Portugal assolado pela peste, rumo ao Recife. Adotado pelo cônsul Henrique e sua esposa Sara, termina os estudos e se torna caixeiro viajante. Apaixona-se por Ébano, alforriada e filha da escravizada Shakina. Apesar de Ébano ser livre, a sociedade recrimina a união do casal por ele ser branco e ela, preta.

Da união, nasce Zeca. Pressionada pela comunidade local, Ébano renuncia à maternidade e José foca na educação do filho e nos negócios. Conhece, na maturidade, a filha de uma baronesa e termina seus anos como um rico comerciante na pequena vila.

Já a alforriada Ébano traça uma jornada pessoal, não usufruindo do convívio do filho e de sua ascensão social como proprietário de um engenho de cana de açúcar.

Passado o tempo, século XXI, Maria Antonieta, racista, desconhece seus verdadeiros antepassados, pensa ser descendente de uma baronesa e de José. Ao se ver só, separada do marido provedor, trilha uma jornada de autoconhecimento culminando na descoberta de sua verdadeira origem.

HH – Você já vinha construindo a sua carreira como escritora, com dois livros publicados (Aldeia dos mortos, pela Patuá, e Ambiguidades, pela Penalux) por editoras. Esse terceiro saiu de forma independente, pelo KDP. Como você avalia o mercado de autopublicação no Brasil?

AVL – Eu quis arriscar um novo caminho. Eu poderia ter enviado o manuscrito a editoras, mas preferi acreditar no livro e tentar dar outra forma de visibilidade à obra.

HH – O Prêmio Kindle é um propulsor de carreiras. Só para citar um exemplo, Vanessa Passos, vencedora da última edição com A filha primitiva, esteve presente em importantes eventos pelo Brasil, como a Bienal do Livro de SP, Flip e Festival de Literatura de Gramado. Você já está com as malas prontas para rodar o Brasil?

AVL – Ainda não me disseram nada quanto a isso. Caso seja convidada, irei com certeza.

HH – Para esta edição do prêmio, Record e Amazon escalaram um time potente de jurados: Sueli Carneiro, Ana Maria Gonçalves e Jeferson Tenório. Como é ter a sua obra avaliada por esses nomes?

AVL – Admiro a obra dos três jurados e isso me trouxe muita alegria. Mas não me atenho ao prêmio e sim ao fazer literário: isso sim me alimenta. A láurea é somente o reconhecimento, nada mais do que isso.

HH – Você é aluna da pós-graduação em escrita criativa do Nespe. O que, de mais importante, você aprendeu no curso e te serve no ofício de escritora?

AVL – O curso me deu ferramentas para que eu descobrisse novos caminhos para o fazer literário. Eu escrevo desde criança, mas eu não tinha noção de mercado. O curso da Nespe me deu boas dicas.

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