Há oito meses, Dante Cid, vice-presidente de relações acadêmicas da Elsevier na América Latina, assumiu a presidência do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Ele é o convidado desta semana para o Bate-Papo no Happy Hour Nespe. Na conversa, ele fala muito sobre inclusão, diversidade e sustentabilidade; sobre programas de fomento à leitura e sobre a Lei Cortez, que quer regulamentar o varejo de livros no Brasil.
Happy Hour Nespe – Daqui a pouco, completa seu primeiro ano à frente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Que balanço você faz desses primeiros meses?
Dante Cid – Acabo de completar oito meses de mandato. Eu diria que o primeiro semestre foi de adequação, de revisão dos processos internos, implementação de algumas metas da equipe do SNEL e interação da minha parte de toda a dinâmica.
Foi um período de adaptação. Eu espero que, a partir de agora, a gente consiga implantar alguns tópicos da pauta que tínhamos proposto, como a realização de palestras e apoio às editoras no sentido de ampliação dos programas de inclusão, diversidade e sustentabilidade, através da junção com os objetivos de desenvolvimentos sustentáveis (ODS/ONU). Esta é uma iniciativa da International Publishers Association (IPA) e nós queremos trazer isso para o Brasil. Queremos assessorar e apoiar as editoras na pauta de inclusão e diversidade. Essas são duas pautas importantes para nós.
Como terceiro ponto, uma pauta permanente do SNEL que são os projetos de fomento à leitura. Queremos buscar iniciativas sociais em que nós possamos atuar como facilitadores de acesso a bibliotecas e aos livros em comunidades em que haja maior dificuldade neste sentido.
HH – Uma das bandeiras do setor é a Lei Cortez, que quer regulamentar o varejo de livros no Brasil. Os editores demoraram um pouco para embarcar na defesa dessa lei. Qual o posicionamento do SNEL em relação a isso hoje?
DC – Desde que iniciei na diretoria do Sindicato, estive apoiando totalmente esta iniciativa. Avaliei estudos que mostram o que já aconteceu em países da Europa e da América Latina, observando os exemplos positivos e negativos de países que implementaram e que deixaram de lado a lei. Todos esses estudos mostram os benefícios de uma legislação como essa. No médio prazo, a tendência é de redução de preço pela maior previsibilidade que o mercado vai ter no preço final que vai ser praticado. Esperamos que, na próxima legislatura, possamos retomar com bastante ímpeto a condução desta pauta.
HH – Você acredita que temos chances de aprovação da Lei Cortez no Congresso Nacional?
DC – Creio que sim. Temos na figura do senador Jean Paul Prates (PT/RN) um apoiador, um patrocinador desta iniciativa. Acredito que, na próxima legislatura, a gente vai ter espaço no Congresso para discussão da Lei Cortez e que teremos chances de, no próximo ano, colocar isso em votação.
HH – Ainda falando de Brasília, estamos em ano eleitoral. O SNEL tem buscado diálogo com os presidenciáveis? Pensa em apresentar a eles as pautas do setor?
DC – Sim. Decidimos fazer, em conjunto com demais entidades representativas do livro – em especial a CBL e a Abrelivros –, uma carta aos presidenciáveis, colocando pautas fundamentais do setor, como o fomento à leitura, a não tributação do livro, a preservação dos programas já existentes no Ministério da Educação e ações de garantia da propriedade intelectual que vemos como fundamentais para o Brasil se posicionar em alinhamento com países desenvolvidos.
HH – Qual marca você espera deixar na história do livro ao fim do seu mandato?
DC – Se nós conseguirmos encerrar o mandato com maior índice de leitura no país, com a aprovação da Lei Cortez e com a adoção de pauta de inclusão, diversidade e sustentabilidade pelos associados, eu vou me dar como extremamente satisfeito após esses três anos. Esperamos que, agora que já temos tudo mais assentado nos processos internos, a gente possa se dedicar em tempo integral nessas pautas fundamentais para o setor.