Talita Facchini é repórter do PublishNews há seis anos. Nestes anos, acompanhou transformações do mercado editorial brasileiro e teve a chance de visitar feiras internacionais como as de Frankfurt e de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos. Ela é a entrevistada da semana aqui no Happy Hour Nespe. Na conversa, ela aponta algumas das principais mudanças que ela testemunhou nesses anos; relembra quando entrevistou o Prêmio Nobel Abdulrazak Gurnah e fala um pouco da sua rotina de trabalho.
Happy Hour Nespe – Você está há seis anos cobrindo o mercado editorial pelo PublishNews. Quais mudanças mais relevantes você viu acontecer no mercado editorial brasileiro neste período?
Talita Facchini – Mesmo que em um processo mais lento, vejo que o mercado editorial está mais diverso, tanto em relação as publicações e os livros que vemos nas vitrines das livrarias, quanto na força de trabalho. É interessante observar também como as editoras conseguiram driblar as crises da Saraiva e Cultura e ainda a pandemia de covid-19, resgatando, por exemplo, obras do seu fundo de catálogo e procurando outras maneiras de chegar aos leitores.
As livrarias também passaram por mudanças importantes. Depois do período mais difícil da pandemia, quando elas se viram obrigadas a fechar as portas, agora vemos novas lojas abrindo em São Paulo e outras cidades e focando em diferentes nichos, procurando cada uma o seu público.
Outra mudança relevante – e que ainda vale ficar de olho – é a importância das redes sociais, principalmente do app TikTok para a venda de livros. Com publicações mais diversas, várias obras chegaram também ao público mais jovem – e mais engajado, fazendo com que muitas obras fossem resgatadas e chegassem às listas de mais vendidos.
HH – Ainda falando dessa sua trajetória profissional, qual ou quais momentos foram mais marcantes?
TF – Certamente foram as coberturas internacionais. Ter a oportunidade de cobrir a Feira do Livro de Sharjah foi especial porque pude ver de perto como funciona o mercado literário e editorial dos Emirados Árabes Unidos e acompanhar como realmente vale a pena investir pesado na cultura e literatura. Frankfurt também é algo muito especial. Poder cobrir a maior feira do setor duas vezes me deixou muito feliz. Além de toda a correria, é gratificante ver de perto tantas conversas interessantes, novas tendências e entender como a indústria do livro funciona no mundo inteiro. Sinto que saio sempre dessas viagens uma profissional melhor.
Não posso deixar de citar também a Flip. Todos os momentos que passei na festa literária foram marcantes e acompanhar o crescimento da Casa PublishNews durante esses anos também valeu a pena.
HH – Como é a sua rotina no PN? Como pensa a pauta do canal?
TF – Recebo muitos e-mails todos os dias, então a partir deles vou montando a pauta do PN. Durante o dia, seleciono os lançamentos que sairão na próxima newsletter (atualmente damos sempre quatro livros, com temas ou gêneros parecidos e de editoras diferentes); leio os e-mails e já adianto algumas notas.
Também estou sempre de olho em notícias sobre Saraiva e leio os veículos internacionais sobre o setor para saber sobre feiras, eventos e prêmios relevantes.
E como o PublishNews é uma “grande central de fofocas” recebo também e-mails, WhatsApp ou mesmo ligações de pessoas com alguma sugestão de pauta. Aí é correr atrás para dar as principais notícias do setor para quem acompanha o PN.
No dia a dia, as manhãs é que são corridas e mesmo que eu tenha preparado a pauta no dia anterior, ela muda quase 100% das vezes (risos). Mas basicamente, penso sempre em informar nossos leitores sobre assuntos relevantes do setor e que possam oferecer também novas ideias e perspectivas para quem trabalha com os livros.
HH – No ano passado, você foi à Feira do Livro de Sharjah, o seu primeiro grande evento presencial desde o início da pandemia do novo coronavírus. Como foi essa experiência?
TF – Foi ótima. Pessoalmente consegui produzir muito conteúdo relevante para o PublishNews e tive a oportunidade de entrevistar a Sheikha Bodour Al Qasimi, presidente da IPA; o Nobel de Literatura Abdulrazak Gurnah e ainda outras duas mulheres incríveis: Karine Pansa e Sandra Tamele. Além disso, pude participar de eventos com profissionais do setor do mundo inteiro e aumentar bem a minha rede de contatos. Foi uma semana de correria intensa e que me deixou muito feliz.
Antes da feira começar, também acompanhei a Publishers Conference e vi muita coisa relevante e que pode servir de exemplo para o mercado editorial brasileiro. Está tudo documentado no PN (risos). E no geral, mais uma vez, pude ver de perto como vale a pena todo o investimento feito pelo Emirado na cultura e literatura.