Bate-Papo com Cristiane Gomes

Entrevistas & Ensaios – NESPE

Cristiane Gomes é head de marketing da Bookwire Brasil e também professora da pós-graduação em Edição e Gestão Editorial aqui no Nespe. A empresa de distribuição de conteúdos digitais é a principal em atuação no Brasil, respondendo por 60% do mercado, com mais de 60 mil livros digitais no catálogo. Da sua posição privilegiada, ela consegue analisar os rumos dos e-books e audiolivros no Brasil. Cris é a entrevistada da semana.

Happy Hour Nespe – A Bookwire é principal distribuidora de conteúdos editoriais no formato digital em operação no Brasil. Você consegue dizer aproximadamente quanto ela representa em termos de movimentação de e-books e audiolivros?

Cristiane Gomes – De fato, sabemos da relevância da nossa atuação junto as mais de 600 editoras parceiras, só no Brasil. Representamos cerca de 60% do mercado, com mais de 60 mil livros digitais no catálogo. A proposta é que a Bookwire seja a extensão digital da editora, atuando com um mix de tecnologia, atendimento personalizado, direcionamento para campanhas de marketing e muitos pitacos para entender o perfil de cada editora, especialmente com a possibilidade de expansão de vendas para canais não tradicionais.

HH – A empresa tem, desde o início da pandemia, apresentado relatórios que apontam um crescimento importante no consumo destes formatos no Brasil. Você poderia falar um pouco sobre isso?

CG – O início da pandemia acelerou significativamente a mudança de hábito de consumo, e os formatos digitais, e modelos de vendas não tradicionais tem se mostrado extremamente eficientes e rentáveis. Após o boom de vendas e de novos leitores de livros digitais que surgiram em 2020, durante o pico da pandemia, houve uma acomodação natural e chegamos em um novo platô de mercado. Em 2021, vimos um crescimento de 11% em receita. Em livros digitais lançados, o número de lançamentos quase triplicou se comparado com o total lançado em 2020, o que prova que as editoras, para além de terem voltado com os lançamentos após um período de corte, também entenderam a relevância do livro digital pro mercado brasileiro. Bibliotecas digitais conquistaram seu lugar ao sol, e livros digitais CTP e paradidáticos seguiram a mesma tendência de 2020. Já os livros de desenvolvimento pessoal perderam o hype e caíram 18% em vendas. E a surpresa são os livros infantojuvenis e young adults (YA) que continuam crescendo, e atribuímos parte desse crescimento ao fenômeno dos booktokkers (em nossas análises mensais, identificamos muitos picos de vendas oriundos de lá).

 HH – Você acredita que esse crescimento se sustentará no futuro próximo?

CG – Creio que sim, pois o que acompanhamos é a mudança do hábito de consumo como vemos também em outros mercados, como é o caso da consolidação do streaming.

HH – Os audiolivros são um fenômeno mundo em países mais maduros, em especial nos EUA e Alemanha. Aqui, ele ainda não ganhou a mesma força. Como você acompanha isso? Poderemos ter um boom deste formato também por aqui? Se sim, o que falta?

CG – Pessoalmente creio que o que mais pesa para as editoras é o custo ainda elevado de produção. Acredito que conforme soluções mais atraentes forem sendo disponibilizadas, teremos mais títulos também neste formato e, por consequência, melhores resultados. Uma boa estratégia que indicamos é, por exemplo, fazer o lançamento simultâneo das superapostas nos três formatos: físico, e-book e audiobook e também divulgue seu catálogo nos formatos digitais. Algumas editoras ainda ficam muito tímidas com relação a divulgação.

HH – A última Pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro apontou que o faturamento com a venda destes formatos representava 6% do faturamento da indústria. A edição referente ao ano de 2021 já está nas ruas. O que esperar dos resultados?

CG – Após o crescimento explosivo de 2019 para 2020 o que vimos foi a consolidação em 2021, com crescimento na faixa de dois dígitos. Acredito que estamos num patamar diferente e crescente, especialmente porque as editoras perceberam, de fato, que o digital veio para ficar e, se bem trabalhado, tem um potencial interessante.

HH – Que dicas você daria para uma editora que eventualmente ainda não tenha entrado de cabeça nos formatos digitais?

CG – Eu diria para perder o medo. Digital não é um bicho de sete cabeças e tendo bons parceiros é possível ter resultados mais interessantes, tanto na perspectiva de disseminação efetiva de conteúdo, podendo entregar suas obras em diversos modelos de negócios e territórios, se os direitos previamente negociados permitirem, como também de vendas em si. Nós respiramos o digital. Corre que ainda dá tempo!

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